quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Descaso na Educação Municipal de Joinville


Segue abaixo uma reportagem do Jornal A Notícia (03.10.2012) sobre agressões que ocorrem dentro do transporte escolar das crianças moradoras na maior obra do PAC Habitação em Santa Catarina, os Residenciais Trentino I e II.

 Um morador de apenas seis anos do Residencial Trentino 2, em Joinville, não embarca mais no ônibus escolar sem a presença da mãe. E, na volta, ela está na calçada, esperando pelo pequeno. Não é apenas um cuidado comum com uma criança. É que o medo tomou conta do menino desde a quinta-feira passada, quando ele conta ter sido agredido dentro do ônibus, na volta da escola.
O aluno afirmou à mãe que um garoto segurou seu braço e outro, sua perna. Levou um chute no rosto e perdeu um dente de leite. As mães do residencial estão preocupadas com a violência e pedem monitoras para acompanhar as crianças.
A diarista Vilma Maria Mendes, 32 anos, e a manicure Mônica Cavalcanti Bezerra, 30, diariamente se dispõem a orientar as 250 crianças dos Trentinos 1 e 2, inaugurado neste ano no bairro Boeh- merwald para reduzir a fila da Habitação na cidade.
As crianças estudam na Escola Municipal Pauline Parucker, que tem a extensão na Faculdade Assessoritec – onde os alunos do residencial estudam. Todos os dias, quatro ônibus escolares as levam e buscam da escola.

— O problema é que não tem monitoras. Na ida, ajudamos a colocar as crianças no ônibus. Separamos todas. Na volta, fica tudo misturado. As crianças grandes estão ameaçando as menores. Tem agressão mesmo —, explicou Vilma, que tem duas filhas que usam o transporte escolar.

A filha de Mônica está com medo de ir para a escola.

— Depois que ela viu o outro menino perder o dente, ficou assustada. Coloco minhas duas meninas juntas no ônibus, para se sentirem mais seguras —, revelou.

A mãe do menino agredido acredita que é responsabilidade da escola municipal manter a segurança dos alunos. Ela afirma não ter conversado com os pais das crianças agressoras. Mas espera que a situação seja resolvida.
Desde julho a situação está incontrolável, afirmaram as mães. Nos dois primeiros meses, Vilma e Mônica trataram de orientar as crianças na subida do ônibus.

— Depois, a escola mandou uma monitora. Mas ela só coloca eles no veículo, não vai junto —, observou Vilma.

Depois de 30 dias, a monitora deixou de aparecer. Terça-feira, após reclamações de pais, ela voltou a ajudar no embarque.
Na volta para casa, apenas um dos quatro ônibus chegou ao residencial com um professor assumindo o papel de monitor. Ele não quis se identificar, mas disse que acompanhará as crianças. Em outro ônibus, que chegou sem auxílio de monitor, o motorista confirmou que a situação é crítica.
Ele disse que chega a parar o ônibus no meio do caminho para conter o ânimo das crianças.

— Elas destroem tudo dentro do ônibus. Até sobem no bagageiro. Entendo que são crianças, mas como posso dirigir e controlá-las —, desabafou o motorista, que também preferiu não revelar a identidade.


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